segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Afinidade

Vez por outra, em conversas banais quaisquer, escuto as pessoas falando que têm muito mais afinidade com pessoas estranhas do que com os que são de sua família.
Aqueles familiares que nos são enviados por Deus, aqueles que não escolhemos, que às vezes detestamos, não raro são os que mais nos criticam, que só porque são parentes se sentem no direito de sair falando mal do primo, do cunhado, da sogra, etc.
Não posso dizer que tenho a maior afinidade do mundo com os meus parentes “de sangue”, mas tem uma dessas pessoas que se não fosse minha parente, com certeza, seria minha amiga. É a minha avó, Malva, que esse ano completou 91 anos.


Engraçado como a vida é. Quando eu nasci, ela tinha exatos 60 anos e hoje penso como seria ter a idade que tenho hoje quando a minha avó estava nos idos de seus 60 anos. Teria sido tão bom! Hoje, as doenças da idade lhe impedem de sair, descer escadas, enfim, é difícil.
Durante a minha infância e adolescência, sempre foi a pessoa da minha família com quem mais me identifiquei. Vó é vó, né? Dias desses me lembrei de uma coisa que ela fazia muito quando eu era criança, pra fazer a gente comer peixe. Ela catava o peixe, misturava com farinha e fazia com as mãos uns cones daquela mistura e dava o nome de “soldadinhos”. Com o prato cheio desses, ela perguntava: “quem quer comer soldadinho?”. Não sobrava um podre soldado pra contar história! Todo mundo queria comer!
Muitas vezes atribuo à ela várias características da minha personalidade. Cresci ouvindo da minha avó conselhos, lições, que eu, ainda bem, soube aplicar na minha vida. Muito do que sou, veio dela. Ela é uma parte de mim, eu sinto. Pra infelicidade dos meus outros primos, ela diz a eles com todas as letras “a Taty é minha netinha favorita”. Quando perguntada o porquê de eu ser a netinha favorita, ela responde “só eu sei o porquê dela ser minha netinha favorita”. No fundo, no fundo, eu sei o motivo. É porque durante a minha vida toda, sempre levei em consideração suas palavras e seus conselhos.
Penso naqueles que tratam os idosos com descaso, às vezes até com maldade, e penso que os jovens não sabem o valor da sabedoria que os mais velhos têm. Nossa afinidade é tanta, tanta, que minha vozinha, do alto de seus 91 anos, topa, sem relutar, apesar da dor na coluna e da labirintite que muitas vezes lhe tiram o sossego, bater uma foto bem maluca, dizendo: “vamos ver de quem é a careta mais feia!”
E vida longa às avós do mundo!

5 comentários:

  1. Como tu fazes tua avó tirar uma foto dessas?

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  2. letra branca + fundo preto = dor na vista! Munda esse fundo poooootua vo tem nome de pasta de dente

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  3. Oi Taty. Bonito texto. Que bom que tua avó tá bem, alegre e falante... A minha tá bem doente, não fala mais, mas continua forte (eu que não, caso a perca...kkkk).

    No mais, concordo com o Gnomo. Troca o fundo. Difícil de ler!

    Beijos!

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  4. Faaaaaala minha amiga!!!! Vê se não morre de saudades de mim tá!!! Aguenta firme :)))
    Quanto ao texto, você está muito certa, vó é vó... que cuidem delas aqueles que ainda as tem!!!
    Um enorme beijo pra ti.
    Michelle.

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  5. Voces são almas gêmeas....por isso se dão tão bem..acho linda essa amizade. Beijos na tia Malva e em voce tb!!

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